20/12/2016

Assim eu...



Assim eu, aqui de braços abertos, de peito nu... 
Assim eu... assim eu, despida e despreocupada... 
No decrescente que conto sem saber, estou e fico aqui... na balança da indiferença e da vontade de fugir.
Assim eu, que deixo cair a água por entre os dedos e as gotas caem como as incertezas de um amanhã diferente...
Como numa banheira que não me deixa afogar, mergulho sem pensar nessa impossibilidade. 
Assim eu, aqui... só... assim eu! 
Assim eu que me revolto e viro fogo  ardente ... assim eu aqui... só eu... assim eu, que transformo essa agua em sangue! Tão encarnado que dói... 
A força que se transforma na árvore de fogo que ninguém toca fica lá... lá longe a descoberto, mas tu não a vês.
Assim eu... assim eu, que te quer mas... assim eu!
Viver assim... só com o olhar que sonha e vê o que não existe, com a esperança que morre todas as noites e renasce todas as manhãs... não ! 
As malditas que levam o sonho são como corvos negros que são necrofagos sardentos...
Vivo, porque não posso mais... sonho porque não estou a dormir...

Assim eu, que suspira todas as noites na almofada que em silêncio vira tornado de ti!
Assim eu, numa reviravolta que não faz nada, só pensa... assim eu!
Olha para aqui... saio da balança, levanto a cabeça para não me afogar... 
Assim eu, que sonha mais do que os pensamentos podem.... tão eu! Assim eu aqui... 
Assim eu aqui!!

13/12/2016

Ela...


Ela tem vontade de correr dali para fora, mas os pés estão presos na lama que arrastou atrás de si... Horas de lamentos com o coração apertado, que não chora porque secou... Ela tem vontade de fugir, mas fica pela cobardia que lhe atravessa a alma... Horas de sonhos sobre a almofada que ficam, ali, presas na cama... Ela tem vontade de se esconder, mas sente-se demasiado cheia para isso... Horas cheias dela, ela que é demasiada para si própria...

06/12/2016

Silêncio em mim


Há um silêncio em mim que fala mais do que alguém pode ouvir...
Há um silêncio em mim que não quer falar...
Há um silêncio em mim que só quer estar e não ser perturbado...
Há um silêncio em mim...
Há um silêncio em mim que percorre o meu corpo assustado...
Há um silêncio em mim que grita por ajuda...
Há um silêncio em mim que não quer que se importem...
Há um silêncio em mim...
Há um silêncio em mim que é desordeiro...
Há um silêncio em mim que não sabe o que quer...
Há um silêncio em mim que quer fugir sem ser agarrado...
Há um silêncio em mim e eu... eu não o conheço.

29/11/2016

Vai ficar tudo bem, mas não está tudo bem...

Vai ficar tudo bem, mas não está tudo bem...
Todos dizem que vai ficar tudo bem... mas não está tudo bem...
Até pode... eu quero, eu queria, hei-de querer... mas não está tudo bem...
Quero que fique, vai ficar mas... mas não está tudo bem...
É para me apoiar (eu sei), mas peço desculpa... vai ficar tudo bem, mas não está tudo bem...
Quero gritar por ajuda, mas agora não...
Sinto-me sem chão... vai ficar tudo bem...
Fria, calada, quieta.. mas agora não está tudo bem...
Não quero que me digam que vai ficar tudo bem, porque agora não está tudo bem...
Grito no meu silêncio... vai ficar tudo bem, mas não está tudo bem...
Eu sei que é para ajudar, mas quando o chão foge é dificil de me segurar...
Vai ficar tudo bem, mas não está tudo bem...
Choro na minha solidão... vai ficar tudo bem, mas não está tudo bem...
Eu sei que estão ao meu lado, mas quando a corda parte é dificil achar o equilibrio...
Todos dizem que vai ficar tudo bem... Mas: Não obrigada! (Agora não...)

22/11/2016

Que seja só uma aragem...


Tique... taque... tique... taque...
O relógio que anda não é meu...
A vida que o segura não me pertence... Tique... Taque...
A carta que recebi paralisou-me as mãos,
As palavras que li, congelaram-me o coração... congelaram o meu mundo...
O momento foi-se, as palavras escritas tiveram o poder de um vulcão no seu auge...
Pode ser só uma aragem... pode ser um furacão...
Da aragem espero o fôlego...mas do furacão espero o arraso...
Que seja só uma aragem...
Tique... taque... tique.. taque...
No silêncio gritei... gritei tanto...
Por fora nada mudou, mas dentro... ai dentro chorei tanto que me doem os olhos das lágrimas que não me escorreram... que seja só uma aragem...
Tique... taque... tique... taque...

20/11/2016

Lá fora...

Lá fora o vento sopra, por vezes até parece que quer chamar a atenção com o seu assobiar e como não vou lá, bate nas vidraças das minhas janelas. Está a cercar a casa, sinto-me impotente, nada posso fazer para que pare! Decidi pedir-lhe que parasse, primeiro baixinho e nada… fui subindo o tom mas estava cada vez pior, era como que me estivesse a desafiar para uma batalha desigual. Soltei um grito bem cá do fundo do meu ser… e como que me desafiando bateu mais forte, assobiou mais alto e soprou com mais, cada vez mais. Já nem a almofada conseguia abafar esta revolução. Levantei-me, ergui-me como quem se ergue depois de uma batalha e fui à luta. Abri a porta e naquele momento o mundo parou, o vento calou-se e o meu corpo gelou como um iceberg...

23/02/2016

Quando sai à rua


Com os seus cabelos longos e ruivos ela sai à rua! Sai... sem nunca se preocupar com o vento, com a chuva, com o sol...
Esvoaça sem amarras, esvoaça livre!
Quando ela sai à rua o cabelo tapa-lhe o rosto... esse rosto que tem covinhas que nos fazem sonhar com mais, que nos fazem querer conhecer mais, que nos fazem amar aquele sorriso e... aqueles lábios...
Na face, as manchas do sol fazem passar as emoções dos verões quentes repletos de aventuras!
Quando ela sai à rua... Sai vivendo cada pedacinho dos seus passos com a mesma emoção do primeiro...
Vive, ri e sorri... quando sai à rua!
A vida é para ela uma tela que pinta com aguarelas onde o pincel é suave, mas forte...
Ela sai à rua e o feio não existe, a paixão com que segura a vida é um turbilhão de emoções repletas de magia.
Os olhos seus brilham! Brilham e fazem brilhar quando sai à rua.
Quando ela sai à rua...
Ela sai... ela a vontade de sair e ser o que bem entender...

Quando ela sai a rua deixa-se ir... encanta e deixa-se encantar... quando sai à rua...